Imagem em ação fértil
Chega uma mensagem que torna mudo.
Silencio saboroso, gosto de devaneio.
Sonho com textura e realidade.
É sonhando de olhos abertos que se vê os olhos brilharem.
Quando se olha, as coisas se materializam e tudo torna-se real.
Quando toca-se, ouve-se e sente-se, mais real ainda.
Espero, tudo e mais um pouco, em parcelas ou de uma vez.
Respirar, suspirar acolhido em braços soltos.
Deixar a porta aberta e esperar sentado na varanda.
Sonhei, quis e imaginei, ali.
Mas sonhar é bom quando se está acordado,
O beijo que foi dado quando se estava dormindo não tem o mesmo sabor.
Tato, sabor, cheiro, fantasia, real.
É de um beijo quente, molhado, suado, chovido, vivido e muito, muito, muito esperado
Que os cheiros e toques, suspiros e arrepios viram cenário de uma fantasia real.
Nesse bater forte de tambores que ensurdece,
Ajudas a lembrar daquilo que não lembro
E me mostra tanta coisa boa que nem a minha imaginação fértil alcança.
Recortes
Pensando bem está na hora de querer mais. Mais, mais de mim. Solidez. De palavras curtas vem a certeza. Sim. Não. Talvez... Quero. Fragmentos que entregam todo o sabor de uma longa história. Mas toda a história não se entende em fragmentos, a história é ela toda. Simples, elas por elas. O sabor que tem ou deixa de ter determinado momento é ilustração, e cá entre nós, belíssimas ilustrações... Partes de uma longa história que pode apenas ter começado, ou estar terminando. Emoção. Isso move. Razão. Freia. Essenciais. Nada melhor que um bom freio pra descer uma ladeira. E como é bom o pé no acelerador numa estrada livre e segura guardado por bons amigos e um belo por do sol!!! Cada ferramenta na sua hora, perfeito! Pensando bem está na hora de querer mais. Mais de mim.
Sorrimos
Eu não consigo dizer nenhuma palavra.
De todos os que nos acompanharam eu lembro bem daquele que surgiu distante, escondida por entre os braços, ombros, pescoços e cabeças que passavam no caminho entre nós. Não sei exatamente porque esse entre todos os outros. Mas eu lembro que surgiu nos olhos, eles encontraram, sorriram se derretendo num piscar lento e quando na mesma velocidade se abriam, ferveram as maçãs do rosto que subiram apertando os olhos, puxando um sorriso mágico, encantado, íntimo.
Eu não consigo dizer nenhuma palavra diante de um sorriso.
Voltei!
Meus dedos ainda estão gelados, falta quem os esquente. No couro, na pele, não sei se ainda resta algo que se assemelhe a algum cheiro, o que tinha foi sugado, absorvido, lentamente, suave. Também os meus olhos pararam de enxergar. Será que é contagiante? No máximo caso pra óculos!
Meus dedos estão dormentes e saber o que me causa esta dormência não é tarefa das mais fáceis, minha mãe chegou a perguntar pelo meu fígado, ?????, mas o que tem meu fígado com a ponta dos meus dedos dormentes? Vai saber... O fato é um só, estão dormentes. Lembro de que ele ficou gelado demais na serra, mas será que foi o cigarrinho no frio? Que decida Vanilce.
Saudade denovo apertando... Mas que coisa, que perseguição desta tal de saudade. Nunca está contente, ou está, e por isso está sempre presente?! Melhor pensar que sim, se é pra sofrer, sejamos felizes sofrendo. É como deixar um pedacinho de si em cada porto, em cada parada. Se esquecer por aí e depois sentir saudades de si mesmo. Mas lá, saudades de si lá, naquele tempo que se foi, naquele lugar que pode ou não estar lá.
De todas as consequências geradas por este movimento, a que mais me inquieta é a sensação de que sempre se está incompleto. Porque nunca se está em todos os lugares com todas as pessoas ao mesmo tempo. Não por falta de vontade ou dedicação, mas pela impossibilidade deste se tornar um evento real.
Mas a beleza disso tudo... ser capaz de sentir, de ver, ouvir. Ser capaz de se transmitir. A saudade é obstinada, desejo capaz de parar o tempo ou de fazê-lo caminhar depressa. É forte, resiste impiedosa durante longos períodos, mesmo que não seja alimentada. É cega, surda e muda, mas consegue remoer sensações e sentimentos de onde não... de onde nem sequer sabemos. É diretora dos assunto de ausência, sempre tentando tapar um buraquinho que ficou em algum lugar.
Serve de que mesmo? Cultiva mais um pouquinho, racionaliza outro tanto, resgata momentos, preenche. Sei não direito isso não. Pronto falei. Tudo isso porque meus dedos ainda estão gelados.