Vida alheia

Um livre pensador
De olhos abertos e mente fraca
Num mundo vivo
Cheio de mortes
Trará o fim.
Um homem cego
Cheio de mágoas
Da vida triste
Abandonado
Trará a felicidade.
No leito eterno
Na luz opaca
Em vão
Estátua
Sou vida alheia.

Explosão

O importante não é ir ou voltar, estar aqui ou lá. Precisei ir até metade do caminho e voltar para descobri o que esperava encontrar lá: a maior das respostas: a busca não é pela felicidade, é pela paz.


Há coisas que não podem ser ouvidas, sentidas ou sequer vistas por tempo maior que um piscar de olhos, caso contrário elas somem, ou perdem o encanto...


Preciso de uma taça de vinho do porto, minha caminhada é longa e o poço é fundo....


O som das cornetas anunciam mais uma batalha, que venha mais um adversário, eu quero lutar...


Eu realmente não sei se era tão importante assim eu ter ido, mas com certeza foi importante eu ter ficado...


O que dói é tirar o óculos, a luz ofusca os olhos e cansa a vista..

Palavras

Palavras podem mudar o mundo, acredite! Tudo não passa de um jogo de xadrez, as variantes são os jogadores e as peças. Alguns jogadores jogam em mais de uma mesa, e, sendo assim, movimentam maior número de peças. Alguns sabem jogar mais, outros menos. Existem jogadores tão bons que jogam em todas as mesas e ganham em todas. Há também aqueles que jogam em apenas uma e anda assim perdem.
A mesa é o cenário, o ambiente em que as coisas acontecem, é o palco, o campo de batalha, é o lugar onde há ação. As peças são as posses, tudo aquilo que se tem, das sabedorias, ciencias, às habilidades corporais, manuais. As peças representam a união de todos os seus conhecimentos e posses enquanto ser social e humano. O jogador é uma parte sua que faz, é um sentimento que aje, um desejo, um sonho, uma dúvida, uma ansiedade, o jogador é o motivo daquilo estar acontecendo, ele movimemta as peças com um objetivo.
Um jogador pode estar em uma mesa ou em mil, não há limites estipulados na regra do jogo. Para um jogador o bom é jogar. Jogar não é só ganhar ou perder, jogar é entender, é conhecer o adversário e acrescer este novo conhecimento aos seus antigos. E a cada vez que ele joga com uma nova pessoa, ele testa os seus conhecimentos e os dela, e ambos proporcionam, um ao outro, novos desafios. Entretanto, há aqueles jogadores que temem o desafio, há os que não sabem perder e os que não sabem ganhar. Jogos de xadrez podem traumatizar!
Agora imagine estes jogadores com o tamanho das peaças, como eles poderiam movimenta-las??? Acredite, palavras podem mudar o mundo!!!

De volta à Terra do Nunca!!!

Há tempos não via uma partida de xadrez tão boa. Também há muito não encontrava tão desafiadores adversários. As jogadas mirabolantes e, de fato, sensacionais, tornaram a partida um passeio de roda gigante, ou de montanha russa talvez. O retorno à essência humana. Emoção, sentimento, a continuidade do tempo, o tempo, o lugar, a ausência, os sonhos e as garantias, a instabilidade, a dúvida constante, a busca pela certeza. A certeza de ser humano.
Uma partida cheia de emoções, com direito a reviravoltas e superações, foi palco de um belo espetáculo. Ferozmente os jogadores se digladiaram neste palco xadrez, preto e branco, duro. Sem dó nem piedade, ambos despejavam todas as suas melhores jogadas em função da vitória, até que restaram apenas Rei e Rainha para os dois jogadores.
Exaustos, cansados de tentar ganhar um jogo impossível, os jogadores decidem por uma trégua, ambos ganhariam aquela partida, mas haveria outra, imensamente maior e mais difícil. A partida do século, o grande desafio da vida destes jogadores, o reencontro. Nada mais difícil do que enfrentar novamente aquele que você não pôde derrotar. O clima de cautela constante, pisar em ovos, andar sobre brasas, sorrir e chorar simultaneamente são ingredientes fundamentais para esta partida final, ou seriam inevitáveis?
Nada mais importa agora, os jogadores estão se preparando para um próximo confronto, entretanto, ambos sabem que o provável final desta outra partida é o mesmo da última partida, que foi igual à antepenúltima, que foi igual a anterior e assim sucessivamente, o empate com Rei e Rainha intactos.
O mesmo fim para uma mesma história, o final justo e possível para tão bons jogadores, o empate. Inevitável, diante de jogadores tão experientes, tão destemidos, tão bichos... Beleza de cores num tabuleiro preto e branco, linhas e traços finos, caminhos sinuosos, jogadas inimagináveis, cenário de um grande espetáculo.
De fato sempre foi assim, o olhar sempre foi de desafio, de questionamento, de curiosidade, de medo. O toque sempre foi quente demais, esquentava até mesmo peças de marfim. O olfato, o cheiro do desafio, cheiro do calor, do frio. A realidade sempre foi distinta, mas o desejo de vitória sempre foi o mesmo.
Tão próximos e tão distantes, os olhos pouco se encontram, as mentes sempre estão contra, apesar de estarem fio a fio, as mãos não se tocam, há uma corrida contra o tempo. Quem vencerá em menos tempo? A batalha sempre termina empatada, mas que mistério!!! Apesar da lógica existente, baseada no equilíbrio técnico e psicológico dos jogadores, é pouco provável que duas partidas de xadrez seguidas terminem em empate, menos ainda se este número subir alguns degraus.
Eu? Continuo assistindo de perto a estas partidas espetaculares, não perco por nada neste mundo tão grandioso desafio, quero estar presente quando um dos dois ganhar...

Teu o amor

Por favor, segura minha mão?!
Me aquece-me com teu calor,
me ergue aos céus,
sopra-me aos quatro ventos,
aos quatro cantos do mundo,
por favor...
Volta de onde estiveres neste momento,
esquece do mundo,
a mim basta um segundo,
olha pra mim daquele jeito,
daquele jeito que nunca vi.
Preciso do teu afago,
sonho com o diaem que não estarás tão distante.
Com olhos da águiavejo que este dia não tardará tanto
quanto a espera até este momento.
Vejo-te aproximar de mim,
entretanto ainda não sinto teu cheiro,
nem o calor dos teus olhos,
sinto apenas o teu calor,
o calor que emanas do íntimo.
Vem,senta ao meu ladonum banco da praça,
vamos dar comida aos pombos,
vamos falar sobre o que passou,
eu já sei crescer,já sei sofrer minha dor,
meus olhos não são mais cegos,
enxergo vida através do tempo,
enxergo você do meu lado neste presente,
meu presente.
Não tenho vergonha de dizer,
nem vergonha de sentir.
Isso que sai,o que podes ver aqui impresso,
é pequeno fragmento de um amor,
de um amor de criança,
sincero e sem grandes pretenções,
sinto-me puroquando possuido por ele.
Nem me vejo mais nas sombras,
teu calor cega-me,
ofusca minha consciencia,
meu mundo é sonhoquando meu coração é você,
minha razão é puraquando sinto teu calor.
Sou de novo,
e sempre,
uma criança e seu primeiro amor
e desta vez eu sei,
como jamais poderia saber,
que de veras te amo.
Finalmente encontrei o amor.

Segredo

Como eu queria gritar, fazer soar aos quatro ventos tudo que hoje me cerca: meus desejos, sonhos, alegrias, anseios, dúvidas, paixões... Na verdade, não seria necessário um grito, queria mesmo dizer em sussurros tudo isso, queria a proximidade material de um par de ouvidos, um que me entenda, que me escute, que me conforte.... Queria também um par de olhos fulmejantes, ah como queria!!! Olhos de águia, que penetram, que intimidam, que acolhem, que preservam, que iluminam, olhos profundos, compreensivos, calculistas. Também sinto falta de um toque, suave, quente, sensível, terno... Careço de mãos firmes, que toquem sem medo meu corpo, mãos que caminham, que acariciam sem pressa... Um perfume, nada melhor que o perfume natural, odor, olfato, carne crua, pele, suor, essência de mulher... Fragmentos de um ser perfeito, inteiro, inteiramente corpo, mas eu quero alma, quero senti-la, e disso não desisto, não deste sonho, uma alma, tua alma, perfeita... Mas antes disso quero uma boca, quero sentir o sabor do corpo, e no mesmo segundo mostrar minha alma, quero evaporar sentindo o gosto da seiva, do néctar, quero sentir a alma e dar-me por inteiro, quero sonhar e jamais acordar deste sonho!!!

Não por falta de assunto, mas por falta de peito, continnuo a postar alguns de meus pensamentos mais antigos, já que os novos são novos demais...

Como é bom
Achar
Que tudo é nada
Saber
Que nada é tudo
Sonhar
Estando acordado
Nascer
Todos os dias
Sentir-se jovem
Quando os dias vão passando
Olhar
Nos olhos de quem não se pode ver
Apaixonar-se
Pelos buracos na estrada
Imaginar
Que se pode suspender o mundo
Como é bom
Sentir-se louco
Diante de tanta realidade

Sem Saber

Sem saber,
Brilham olhos inocentes
Despertando profundos desejos
Inseguros e indecisos
Almas desconhecidas
Iludidas, desiludidas
Buscam a calmaria
Em águas inexploradas.
Calado espera o coração
A espera da surpresa
Mesmo que os corpos
Já falem por si,
Até que tudo aconteça,
Nada acontecerá.
Pois sem importância é o fim
Poupado de um lindo começo
E sem valor é a luta
Que não é apaixonada.

Abutre

Tudo que há aqui está impregnado de intencionalidades pré-formuladas e tendenciosas. Não planejei qualquer palavra, mas tudo em mim clamava por este desabafo.

Anseias pelo poder como quem deseja saciar um vício
Mostra-me teu lado possuidor e cruel
Caminhas com tuas garras afiadas ao meu encontro
És calculista, mas não fria
Eis o teu erro
O poder ti controla como desejas fazer a mim
És a possuída, não a possuidora
A ilusão de que podes tal proeza te consome
E tu erras
Cega pela chama luminosa de minha alma
Sedenta pela posse da minha vitória
Tu erras
O poder não cabe em tuas mãos
É um fardo pesado e tu não o suporta
És fraca como todos os outros
Negas tuas intenções
Escondes teus desejos
Senta sobre teus semelhantes e louvas os acima de ti
És menor que eles por isso
Almejas demasiadamente os anseios alheios
Teus próprios são falsos por isso
Não encontras no fim a felicidade
És sempre vencida pelo cansaço
Lutas uma batalha vencida
Ou melhor, perdida
És o mais fiel retrato do fracassado
Humilhas a si por um tanto de aprovação
Ah essa carência que te consome
Carência de poder
Abstinência do mais cruel dos vícios
Maldita a sorte dos que o possui
Falta-te saber quem tu és
Não sois o povo, se é o que pensas
Não pode o ser
Não sois nada se não quem tu és
Aquela que deseja ser alguém
Que deseja ser quem não é
Que deseja ser o outro e não quem é
Aquela que se ilude com o sucesso que não tem
E que aconselha o próximo com armadilhas de poder
Um abutre comendo carcaças da vitória de outrem.

Um sopro

O fato é o seguinte: sou assim, nada mais que isso: um ponto de exclamação. Não que me falte palavras para descrever-me, na verdade tenho muitas, mas nenhuma que me agrade. Palavras não descrevem sentimentos, nem paisagens. São ditas da boca pra fora, literalmente. Quando saem ferem, mentem, zombam, marcam, omitem... Não podemos confiar. Não confio no que ouço destes a respeito daqueles, confio naquilo que presencio . O que não implica que o que presenciei seja verdade, pra mim são apenas fatos.
Acredito num mundo onde os fatos não são julgados . Sonho com o dia em que seremos livres para nos julgar de acordo com nossas leis e necessidades. Espero ansioso a chegada deste dia, o dia do julgamento final.
Quem melhor do que a tua consciência para te julgar? Se as palavras não fossem assassinadas diariamente por nós creio que concordariam com este pensamento. As palavras sonham também, sonham com o dia em que serão sinônimo de alegria e satisfação àqueles que a enviam e aos que as recebem.
Já fui um defensor das palavras, hoje me calo frente ao caos que causam. As palavras já não fazem mais sentido na minha boca, na tua também não, acredite. Elas não sabem o que dizem, nem dizem algo importante, pois o importante não se sabe dizer. Da alma não se fala, não se descreve, não há palavra no mundo que ouse falar sobre ela. Não se explica um sentimento, e quem o explica mente, ou omite, pois não há palavra suficiente para tal oficio.
O que sei é que deveríamos ser todos mudos, o máximo possível. Assim sentiríamos mais e falaríamos menos, agradaríamos mais e agrediríamos menos. As palavras devem ser usadas com respeito. Aos que não sabem, todas elas tem um significado e uma função. Aos que não entendem, quando não se está certo do que se fala, não se deve falar.
Quando faltam palavras faltam mentiras, quando não há julgamento não existe injustiça.

O ultimo post foi um teste para uma nova linguagem, uma nova maneira de escrever e ver a vida. Remete à um novo momento e à um novo sentimento que me sufoca e afaga neste mundo de segredos. Muitos disseram sentir-se confusos com a leitura, mas certamente o coração acelerou e a mente pairou sobre aquele quarto. Sinto-me inteiramente presente naquele conto como nunca me senti em algum outro, ali está minha essência, meu passado, meu presente e certamente meu futuro.
Vai entender o ser humano...

Pureza de Criança

Bom, isso foi o mais próximo que consegui lembrar de um sonho. Era mais ou menos assim...
Havia uma criança no centro da sala, sob a luz forte que vinha de cima, uma luz pálida, cheia de mofo. No chão, a criança despertava. Sentindo o cheiro da terra lentamente abria os olhos, estes rejeitavam a claridade e recusavam se abrir. Contra sua vontade, os olhos foram forçados e enfrentar a luz pálida e logo se voltaram ao chão em busca de proteção. Seu corpo nu sentia por inteiro o cheiro da sala úmida, quente, abafada, e produzia em cada fresta de seu corpo gotículas de suor. Aos poucos elas a possuíam, inundavam seu corpo com aquele líquido transparente, cheirava a cansaço.
A criança estava presa entre quatro paredes jamais vistas, aliás, sequer via as paredes sob aquela luz forte que desenhava sombras em direção ao solo. Chão de terra batida, terra vermelha, terra molhada, de suor. No ar, partículas minúsculas de algo que podia pairar sobre a luz e o espaço escuro possuíam a sala com tranqüilidade. Curiosa tranqüilidade. A mesma tranqüilidade sentia-se no som, não havia som, nada se movia, nem mesmo as partículas no ar.
A criança sequer pensava em pensar. Olhava agora a escuridão, e esta lhe despertou a curiosidade. Seus sentidos vieram à tona. Dois pés apoiaram o corpo e o fizeram levantar. Marcando o chão de umidade e sal, os dois pés se alternaram ao segurar o peso do corpo levando-o á escuridão.
Pupilas dilatadas, forçando a entrada de luz, miravam o que não podiam ver. Foi quando duas mãos pequeninas se puseram a frente, os olhos se fecharam e seguiram o suor até a ponta dos dedos. Seus olhos agora tocavam a parede de pedras disformes e molhadas. Um líquido frio e pegajoso escorria por entre as curvas e relevos da parede, enquanto seus dedos buscavam conhecer aquele novo mundo.
Um passo a frente e seus olhos viram uma brisa suave sair por uma fresta na parede. Seu corpo se encolheu a fim de alinhar o rosto àquela brisa. Estacionada, a criança agora sorria pela primeira vez ao sentir a brisa tocar seu rosto. Era fria, calma e doce.
A criança aproximou o rosto da fresta tentando enxergar a luz e o que tinha além daquela parede. Sentia o cheiro doce cada vez mais perto, seu rosto agora tocava o liquido pegajoso e frio que descia em direção aos seus pés. Seus olhos se espremiam buscando um foco, um pequeno filete de luz que viesse de fora dali.
Sem conseguir mais que um colorido cheiro doce, seus dedos buscaram de imediato a fresta. Forçando a unha sensível e frágil contra aquela barreia, a criança foi tentando abrir espaço. Tentava de todas as formas ampliar o espaço entre as pedras para que pudesse sentir o ar e ver qual mistério guardava aquele cheiro doce e colorido.
Já sem forças, o corpo de criança pesa sobre o chão molhado. Suas costas tocam aos poucos as pedras pontiagudas até se recostar completamente e pesar a cabeça sobre o peito. Dos seus dedos, em carne viva, sua vida escorria aos poucos. Sangue, luz vermelha sobre o chão de terra batida. Os líquidos se misturavam, a terra sorria.
Repousando a cabeça em uma pedra, a criança escuta a brisa cantar em sua orelha, ela fecha os olhos tenta imaginar de onde viria o cheiro doce que a refrescava. Um mundo de cores e formas a possuiu. Tudo que ela podia imaginar foi visto por traz das pálpebras molhadas e salgadas. Novamente ela sorriu.
Ao abrir os olhos, as pupilas se depararam com a luz no centro da sala. Havia agora mais partículas no ar, e elas se moviam criando formas sob a luz. O som irritante de sua cabeça funcionando dizia que ali, sob aquela luz, qualquer coisa poderia nascer. E como se nada tivesse feito na vida, seu corpo se moveu harmoniosamente em busca do equilíbrio sobre os dois pés. No primeiro passo o corpo para. O toque reconhece o solo molhado. Seu corpo se curva em direção ao solo, seus dedos, feridas abertas, forçam o solo a fim de arrancá-lo. Segundos depois, um volume satisfeito de terra vermelha na palma da mão. Terra molhada, fria, sangrando.
De costas para a luz, a criança busca novamente a brisa na parede. Com a mão livre a encontra. Da terra na sua mão fez uma massa e retirando pequenos pedaços tapava aos poucos o buraco até não restar mais brisa, nem luz, nem cheiro doce.
O rosto se comprimia em um sorriso puro, satisfeito. As pupilas se dilataram ao encontrar a luz no centro da sala. Seus pés, de par em par, marcavam o chão vermelho em direção ao centro da sala que a cada segundo se tornava mais abafada.
Já no centro, com os olhos fechados, sob a luz, seus joelhos encontram o chão. A poeira seca e amarga foi de encontro ao seu rosto. Seus olhos reagiram e se abriram com a proteção da sombra da sua cabeça. Logo notaram o chão. Com tinta vermelha, rabiscava formas e sentimentos no quadro sobre seus pés e sempre que apagava espalhava pó, que se acumulava sobre seu corpo até que não se poder mais ver a criança.
Por um tempo só se via poeira e luz se misturando no espaço vazio, até que baixando a poeira pode se ver aos poucos a criança. Cabeça baixa e olhos vidrados, imóveis. A boca paralisada, ensaiando um sorriso. O tronco reto em direção a luz com um par de mãos na cintura. Os joelhos apoiando o peso do corpo. E em sua frente, ali, onde seus olhos focavam a ultima imagem vista, uma flor doce no chão de terra batida, no chão vermelho, vermelho de sangue.

Perdi

Ontem a noite escrevi um post lindo, falando de um sonho, mas quando fui ler para corrigir apaguei. Fiquei com tanta raiva que fui dormir. Desisti de postar ontem.
Ainda estou um pouco abalado, mas pensei bastante sobre o que escrevi e senti que era pra isso acontecer. Certa vez no onibus me aconteceu algo parecido, eu vinha imaginando um poema, ele vinha na cabeça como se eu o soubesse decorado. Palavra por palavra, frase por frase, sem pensar, vinham no pensamento. Quando terminou fiquei desesperado querendo escrever, mas já havia mais tempo, o começo já fora perdido. As coisas são assim, em um momento são, em outro não são mais e assim vão sendo e deixando de ser eternamente. E é por isso que eu estou aqui hoje para anunciar mudança de planos.
Por longos e complicados motivos não postarei mais esta semana com o tema que seguia. E até me reorganizar não garanto postagens frequentes. No momento fico apenas com meus agradecimentos a vocês que lêem e dizem que gostam do que escrevo, e deixo a promessa de continuar esta semana com o tema mais votado (alguém desempata aí por favor kkkk). Obrigado a todos pelas visitas e pelo carinho, garanto que logo mais estarei aqui com todo o vapor da minha imaginação.

Os pecados capitais

Bom, ao final de uma semana e 5 posts (se não me engano) sinto-me satisfeito e feliz pelo andamento das coisas. Reguei uma semente que brotou e certamente plantei várias outras em solo fértil.
Confesso que meu ultimo post foi demasiado sentimento, na verdade quase não o termino por isso. No auge do sentimento, no breve momento em que este se tornou palavra, um orgasmo, o êxtase, o parto de uma frase que me fez sorrir: A beleza de ser humano é ser um a cada momento e o mesmo eternamente. Como já foi dito aqui, "Ah, o ser humano!". Esta frase me fez sorrir porque há muito não falava da beleza com tanta certeza e de forma tão profunda, o mundo até então se mostrava escuro, não se via tamanha beleza. A beleza essencial, sem raça, sem cor, sem nacionalidade, sem sexo, a beleza de ser humano. E por ter encontrado tamanha beleza, que poderia chamar de crua, trago como tema da semana "Os pecados Capitais".
Contraditório? Vejamos... pra que serve de fato esta lei que proíbe certas atitudes? Ora, proíbe o "improibível", veta seu instinto, o que há de mais puro e inocente no ser, sua essência animal, feroz, destemida, bela, tranqüila e solitária. E o que há de belo nisso? Tudo! O ser humano lutando contra tudo que é seu, lutando contra sua origem, contra seu caráter, contra seus sentimentos. A força bruta que o ser humano possui de se privar de si, de anular seus sentimentos, de ir contra sua vontade. Isso nos faz humanos.
Bom, sem mais delongas e sem dar créditos a crentes ou ateus, darei minha opinião a respeito de cada um destes pecados merecedores de punição, hoje começando pela avareza.
De acordo com o Aurélio, Avareza significa apego sórdido ao dinheiro. Eu diria que é apego a tudo aquilo que de alguma forma tem grande valor. Enfim, quem sou eu pra discutir com o "Tio Aurélio"? O que vale dizer é que no fundo este pecado refere-se a um medo, o medo da perda de algo valioso. Trata-se também da supervalorização dos bens materiais e da posse.
Tudo a que se refere este pecado é natural do ser humano e de qualquer outro animal, o medo da perda por exemplo, a posse é segurança e a insegurança é indesejada. Qualquer animal deseja a segurança para si e para aqueles que o cercam, para nós, seres humanos, a segurança está diretamente relacionada à posse de bens materiais, o que não tem valor para a maior parte dos animais. Em compensação o castor dá a vida por seu abrigo, 100 Pai nossos e 200 Ave Marias para cada castor que defender a segurança do seu lar, e o dobro para aquele que for precavido e fizer dois abrigos.
Brincadeiras a parte, o que não podemos - e é o que acredito sobre este pecado - é supervalorizar nossos bens. Acredito que devemos prezar a posse de sentimentos, de conhecimento, de paz, da liberdade ... e quanto a isso ser sim avarento, sem esquecer que tudo de mais faz mal.

Pra você...

Voltei!!! Passei esses dias sem postar só pra ver se alguém sentia falta. Ninguém sentiu... Mas sou persistente, mesmo que não façam rebeliões por falta de posts eu os farei. Sempre que puder e que tiver inspiração é claro. E é disso que eu venho falar hoje: INSPIRAÇÃO. Sem fugir é claro do tema da semana, que acaba na terça neh?! Acho que sim...
Inspiração, vou chamar de inspiração um trecho das palavras escritas de alguém. Alguém que hoje foi de grande importância pra mim... O trecho: quando temos uma simples companhia ao nosso lado, num banco de praça ou numa mesa de bar, isso tem sabor melhor quando percebemos num "insight" que é gratuito e espontâneo! E que, o que é realmente nosso é AQUELE MOMENTO. Isso, nem o tempo nos tira!. Palmas por favor!!! É desse sentimento que eu venho falando durante esse tempo, é dessa pureza, dessa compreensão da vida. Nada mais vale além deste momento, nada mais importa além do que vivemos AGORA. A beleza daquilo que é, está naquilo que se é enquanto se é. Óbvio, lógico, mas não tão simples quando se trata de seres humanos. Nós nunca somos completamente, inteiramente, totalmente, apesar da nossa essência imutável. O momento não muda, cada segundo que passa é marcado e nele nada mais se altera. A beleza de ser humano é justamente poder ser este monstro de possíveis mutações. A beleza de ser humano é ser um a cada momento e o mesmo eternamente. Ser humano me possibilita experimentar, "errar", "fingir". Ser humano é ter segredos, é não saber o que é amar e amar assim mesmo. Ser humano implica ser sozinho, solitário, triste, carente e mentiroso, pois todos nós somos felizes. Ser humano é mostrar, é entregar, é doar tudo que não se tem. Pois não se tem nada além DESTE momento. O que pertence a nós é o tempo em que vivemos, nada além do tempo, pois nada mais é eterno.
Obrigado pelas palavras. Em "doses homeopáticas" despejo meus pensamentos, e hoje eles são seus. Me doaste teu momento e agora te dôo o meu, sem desejos, sem anseios, sem pretensões, te dou aquilo que tenho: meu momento...

Como de costume, uma pequena introdução...
Tenho pensado ultimamente sobre a amizade (todos perceberam, eu acho), talvez por me sentir distante neste momento dos meus amigos, ou simplesmente por não tê-los fisicamente próximos a mim. Claro que estes pensamentos têm me ensinado algumas coisas, e por mais incrível que pareça quanto mais penso a respeito menos sei sobre o assunto.
O que mais tenho aprendido com tudo isso, o que mais absorvo da minha relação com vocês, amigos, é sobre mim. Meu último mais novo amigo me ensinou uma coisa que eu teimava em não aprender: dizer não. Mas teimoso como sou, aprendi a negar, mas me recuso a dizer “não”. Aprendi com isso que sempre há algo a aprender, entretanto também vi que não se pode apagar quem se é, e o melhor a se fazer é unir o aprendizado a você. Não se pode simplesmente "ajustar" o mundo a sua volta, ou se "ajustar" a ele. Aprendi que eu e o mundo a minha volta somos um só, que sem ele eu nada seria e que sem mim ELE nada seria.
Assim me sinto na presença sutil da lembrança de um amigo, me sinto parte dele e o sinto parte de mim. O grande segredo é assumir tudo a sua volta como tudo está a sua volta. O grande segredo é não tentar mudar o mundo, nem a si mesmo, ambos são imutáveis em sua essência. O grande segredo é a união. A união despretensiosa, sem cobranças e sem conhecimentos, pois o grande amigo não ama o "ser amigo", o grande amigo ama o amor que sente por ele.

¬¬

Booom, muito bom. Meus amigos leram meus pensamentos tortos, mas não me contento com tão pouco...
Queridos amigos, quero que saibam que estou adorando isso, é uma forma de me sentir mais perto de vocês. Hoje, depois de muito tempo, recebi noticias de um ilustre amigo. Um tal que é parente próximo do nosso presidente Lula. Vi em sua página de relacionamento sua companheira lhe chamar de "gordo"..... Quem eras tu.... um atleta, aliás, um atleta exemplar de alta performance e te vejo hoje assim!!! Como mudam os amigos!!!
Já que o tema da semana inicial do meu blog é amigo ( não era, mas agora é), falarei um pouco sobre o tema... (Ah Lika, eu fiz um texto acho que pra você sobre isso não foi? se possível... sabe neh?! Manda pra mim, ou publica aqui)
É difícil falar sobre este sentimento que persegue a todos, e a todos de forma única. É difícil descrever o sentimento que está presente em qualquer boa relação. É difícil saber quando existe realmente este sentimento. Diz-se que sobre a amizade, e logo do amor, não há duvida quando este ou aquele existem. É bem verdade que do amor não se duvida, mas é também verdade que sobre ele nada há de certo. O que me parece certo é que não se deve duvidar daquele que se quer bem. Parece-me certo que "inocente" seja sempre o veredicto final, e que o perdão não seja exceção, seja regra. Paciência, essa é uma grande virtude. Por mais que se queira as pessoas não são como queremos. As pessoas têm vida própria, e cada uma segue seu caminho da forma que acha conveniente, isso não quer dizer que diante desta conveniência se escolhe o caminho, o caminho é um só. Então eu digo: amigo, siga teu caminho. Desejo a ti tudo que possas desejar, te liberto de tudo que não queiras e espero te ver daqui a 20 anos como se estivesse com você durante todo esse tempo...

Lero Lero

Há muito não sinto o prazer desse som. Meus dedos doem, rangem ao redigir estas poucas palavras, mas a dor não se compara ao prazer. A presença desse hábito acompanha a presença de mim mesmo. Não me vejo fazendo sem antes me ver.
Às vezes uma certa filosofia irá tomar conta dos meus pensamentos, certamente com algum sentido. Nada na vida é em vão. Hoje sinto grande satisfação em dar o pontapé inicial com este "papinho". Fiz grandes amigos assim, falando. Acredito que todos nós.
Amigo de verdade é: amigo de verdade
Hoje meus amigos estão numa estante de madeira bem forte, madeira crua, estante alta, segura, longe de qualquer perigo, protegida de todo mau. Mas não se pode mantê-los ali estáticos, nem se pode impedir que se vão. A amizade é eterna, mas o local onde a guardamos e o zelo com que a tratamos é finito e mutável.. Sei que resta uma sombra do que um dia foi Eu na estante de outrem. Sei também que hoje existem sombras na minha estante, mas a sombra, aquela velha marca do tempo na madeira, não some. A sombra diz que não há mais necessidade do ser, a lembrança completa o espaço, a idéia de que ali esteve alguém, sacia o desejo da presença deste alguém. E quando este alguém volta, seu lugar está ali, marcado.
Sinto-me esvaziar, saciar um imenso desejo, uma grande necessidade que só se faz possível pela sabedoria daquele que hoje é sombra. Devo estas palavras a ele, devo minha sanidade a ele, devo minha surpresa e decepção a ele e por tudo isso lhe devo minha gratidão e a certeza de que seu lugar estará marcado e desocupado até o dia do nosso reencontro.