Lá existe um lugar
longe dos meus olhos,
sem pensamentos
onde eu não posso estar.
Lá, desculpas e anseios
caminham sem pressa,
prolongando a saudade,
apurando os sentimentos.
Lá, na linha do horizonte
que persegue tua nuca,
o sol tarda a se por
esperando o céu escurecer.
Lá no centro do forte,
cercado por flocos de algodão,
reina o rei de pedras,
uma estátua magnífica.
Lá, no epílogo do sul,
no mais alto morro de areia,
o vento deforma miragens,
constrói amargas vinganças.
Lá onde nada mais existe
uma única luz insiste,
um sopro da chama da vela
que o gigante se nega a apagar.
2 comentários
Eu tentei. Só para ver onde se vive dias mais longos, onde se condensa a saudade sem que haja pensamentos, apenas um horizonte claro e demorado... E que, quando chega a lua, em uma quase prece, acende-se uma vela.
Tão suave, tão indestrutível, tão mutável. Algodoeiros, rochas, dunas.
Ao ler, fui até um lugar, mas também não pude ficar. É o bonito da poesia, cada um vai - e permanece ou não - onde quer. Cada ser, um lugar íntimo.
Ah... Me chamo éter. Não tenho outro nome. E sou só olhos d'alma e coração de criança. Agradeço pela viagem!
Posted on sexta-feira, 23 julho, 2010
"E toda a noite esperava a desventura, mas esperei em vão. A noite permaneceu clara e silenciosa, e foi a felicidade que de mim se aproximou, e cada vez mais. Mas, ao alvorecer, pus-me a rir em meu coração, e disse em tom irônico:
- A felicidade me persegue"
Fiz referência a um trecho do seu texto Thiago, que inclusive, transporta qualquer um para um lugar póstumo do pensamento.
Posted on quinta-feira, 21 outubro, 2010
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