Eu chamaria de "mim"
Lá existe um lugar
longe dos meus olhos,
sem pensamentos
onde eu não posso estar.
Lá, desculpas e anseios
caminham sem pressa,
prolongando a saudade,
apurando os sentimentos.
Lá, na linha do horizonte
que persegue tua nuca,
o sol tarda a se por
esperando o céu escurecer.
Lá no centro do forte,
cercado por flocos de algodão,
reina o rei de pedras,
uma estátua magnífica.
Lá, no epílogo do sul,
no mais alto morro de areia,
o vento deforma miragens,
constrói amargas vinganças.
Lá onde nada mais existe
uma única luz insiste,
um sopro da chama da vela
que o gigante se nega a apagar.
Amor de inverno
Quero você aqui vendo o céu de inverno.
Teu calor a me aquecer.
Uma noite de cada vez.
Alguns momentos infinitos.
Quero você; inteira, quente, calada.
O cheiro atrás da orelha.
Os tantos sinais escondidos, o mais especial.
O gosto salgado do teu paladar.
Quero ser teu e te ter minha, juntos num só, enquanto passa o tempo.
Meu lençol entre teus dedos fechados.
Teus olhos, tua boca, teu corpo quieto embaixo do meu.
Cru, nu, calado.
Quero na varanda, na sala, no quarto, debaixo do chuveiro.
Vivo, disposto, ardente, suado.
Acordado, dormindo, sonhando.
Devagar... tua pele na minha, suave.
Quero você na penumbra, tua respiração.
O toque delicado, despretensioso.
Te encontrar e morrer.
Deitar em teus braços e descansar.
O dia da alegria.
Hoje eu não quero saber de previsão astrológica, sei bem como estou. Estou em paz, pleno e cheio de amor. Quero mais vida, mais ação, mais sorrisos e alegria ao meu redor. Quero um mundo preto e branco, porque eu gosto assim, sou nostalgia. Cores somente onde houverem crianças brincando pra que elas também sorriam. Hoje não quero abraços nem beijos de ninguém, quero abraçar e beijar a todos, quero dar alegria porque dela estou cheio. Não cheio que não possa mais suportar, ou que não a queira mais, cheio pronto pra espalhar. Quero tédio, ódio, rancor e tristeza pra que eu posso mata-los de rir. No que depender de mim, hoje é o dia internacional da alegria.
Entre 60 e 80
Desde o ano passado eu venho estudando música. Quero dizer, tenho escutado música com outros ouvidos. Dias diante do computador esperando "baixar" álbuns que acabara de descobrir, ansioso para escutá-los. Escutei muita coisa boa e muita coisa estranha (não me acho capaz de achar alguma coisa ruim). Sempre que achava alguma coisa muito boa, estudava sobre. Tudo que eu podia identificar no álbum, desde a proposta as influencias, eu fazia. Geralmente eu seleciono cerca de 50 álbuns e coloco no celular pra escutar onde eu estiver. Algumas vezes por dia coloco no modo aleatório e fico identificando qual é a música, o artista e o álbum. Esse tipo de exercício me ensinou a apurar os ouvidos e, consequentemente, escutar e assimilar mais elementos musicais simultâneamente. Detalhes identificados, eu ia buscar a origem daquilo, o que sempre me levava a outros músicos e outros álbuns. Incontáveis álbuns depois eu cheguei no que acredito ser uma das melhores seleções que eu já tive, não estão aí todos os melhores álbuns que eu considero, mas nesse momento esses são os sons que mais agradam meus ouvidos. Ontem a noite decidi retornar aos anos 70. Fatalmente retornei. Acontece que não me permiti excluir algumas coisas dos anos 60 que acho demais. Pensei: o que custa colocar a prévia dos anos 70 junto dessa seleção? Deu nisso:
01 - Novos Baianos - Acabou Chorare [1972]
02 - Caetano Veloso - Tropicália [1968]
03 - Secos e Molhados - Secos e Molhados [1973]
04 - Jorge Ben Jor - A Tábua de Esmeralda [1972]
05 - Cartola - Cartola [1976]
06 - Os Mutantes - Os Mutantes [1968]
07 - Caetano Veloso - Transa [1972]
08 -RAUL SEIXAS_ KRIG-HA BANDOLO![1973]
09 - Jorge Ben - Samba Esquema Novo [1963]
10 - Rita Lee & Tutti Frutti - Fruto Proibido [1975]
11 - Tim Maia - Racional Vol. 1[1976]
12 - João Donato-Quem é Quem[1973]
13 - Os Mutantes - A Divina Comédia [1970]
14 - Roberto Carlos-Ritmo de Aventura[1967]
15 - Tim Maia - [1970]
16 - Gilberto Gil-Expresso 2222[1972]
17 - Roberto Carlos-[1971]
18 - Paulinho da ViolaA-DancadaSolidao[1972]
19 - Erasmo Carlos-Os Tremendões[1970]
20 - Luiz Melodia - Perola Negra[1973]
21 - Arnaldo Baptista-Loki[1974]
22 - Tom Ze-Estudando o Samba[1976]
23 - Caetano Veloso - Caetano Veloso[1968]
24 - Banda Black Rio - Maria Fumaça[1977]
25 - Gilberto Gil - Refazenda[1975]
26 - Os Mutantes-Mutantes[1969]
27 - Tim Maia - Racional Vol. 2[1976]
28 - Walter Franco - Revolver[1975]
29 - Cartola- Cartola[1974]
30 -Raul Seixas- Novo Aeon[1975]
31 - Gilberto Gil-Refavela[1977]
32 - Gilberto Gil e Jorge Ben - Ogum Xangô[1975]
33 - Jorge Ben-Força Bruta[1970]
34 - Nélson Cavaquinho[1973]
35 - Caetano Veloso-Cinema Transcendental[1979]
36 - Jorge Ben Jor - África Brasil[1976]
37 - Os Mutantes - jardim electrico[1971]
38 - Ângela RoRô[1979]
39 - Roberto Carlos-O Inimitável[1968]
40 - Tim Maia-Tim Maia[1971]
41 - João Donato-A Bad Donato[1970]
42 - Gilberto Gil-[1968]
43 - Caetano Veloso-Qualquer Coisa[1975]
44 - Roberto Carlos-Jovem Guarda[1965]
45 - Caetano & Bethania & Gal & Gil-Doces Barbaros[1976]
46 - Caetano Veloso-Araçá Azul[1973]
47 - Egberto Gismonti-Circense[1980]
48 - Di Melo [1975]
49 - Ave Sangria [1975]
50 - Caetano Veloso - Cinema Olympia (Raro e Inedito 67-74)
51 - Caetano Veloso - Pipoca Moderna (Raro e Inedito 75-82)
52 - Cartola [1974]
53 - Jards Macalé [1972]
54 - Lula cortes e laílson - Satwa - [1973]
Debate sobre "Preciosa" hoje no Cinema do Shopping Center Recife.
Indicado à melhor filme, o longa é baseado no livro Push, publicado em 1996 pela escritora Saphiffe. O filme acumula seis indicações da Academia. O longa mostra a jovem Claireece “Precious” Jones (Gabourey Sidibe), que é abusada pela mãe, violentada pelo pai e fica grávida de seu segundo filho. A jovem é convidada a frequentar uma escola alternativa, na qual vê a esperança de conseguir dar um novo rumo à sua vida.
Hoje no cienema do Shopping Center Recife, às 16 hrs, haverá um debate sobre o filme. Foram convidados para falar sobre o longa os críticos de cinema Osvaldo Neto (CineFlash) e Fernando Vasconcelos (Kinemail). Vou lá.
Tem no chão do meu quarto
Hoje acordei ainda cansado, há dias que não durmo bem, cabeça a mil. Meu quarto está uma bagunça, o que não é novidade, mas hoje eu inventei de tirar foto das coisas que estavam pelo chão. Quando fiz uma foto de um monte de coisa que estavam no chão perto da parede, lembrei de uma entrevista que li com Shiko (o artista de João Pessoa que inicia exposição essa semana no Espaço Muda) na qual ele falava do conteúdo das suas famosas estantes. Me empolguei e comecei a montar um cenário para fotografar. Nem a luz nem a máquinha são da melhor qualidade, mas o que importa são as informações. Mais ou menos quase tudo isso estava no chão do meu quarto.
Ensaio "Improvável"
Ontem fui ao espaço Muda para assistir ao ensaio de “Improvável”, espetáculo que tem Juan Guimarãe e Thaianne Cavalcanti como atores, dirigidos por Jorge Féo. Surpreendente. Cheguei cedo ao espaço e tirava uma soneca no galpão quando Jorge chega para dar inicio ao ensaio. Juan e Thai se aquecendo, se preparando, e eu sentado observando. Os primeiros movimentos dos dois, que se apresentam neste espetáculo como artistas (no sentido mais profundo da palavra), tiraram minha atenção que estava dividida entre eles e o roteiro de um curta que eu lia. Juan, mais uma vez encantando com sua facilidade de se comunicar com o corpo (é inebriante ver como ele conhece e entende o movimento e intenção de cada músculo seu). Fiquei ali sentado por um instante, mas a inquietação que me pertence não permitiu muito desse exercício de contemplação. Levantei. Andava no tablado como se precisasse ver por outros ângulos, entender melhor aquilo que acontecia. Lindo. Eu já estava satisfeito em ver aqueles primeiros movimentos, já queria bater palmas, mas ainda não tinha começado o ensaio. Cleison estava afinando a iluminação. Terminados os preparativos finais, abrem-se as cortinas. Na minha cabeça, um ponto de interrogação, e antes que terminasse a primeira fala, outro, e outro, e quando menos percebi estava mergulhado na trama. É sobre um casal num dia rotineiro como outro qualquer, dormir, acordar, ir trabalhar, voltar pra casa... O texto é bem claro e direto, na minha opinião, muito eficiente na montagem. Pede aos artistas que preencham as personagens com a ausência de palavras. Thai e Juan, já entrando nas últimas semanas de ensaio, fazem isso com muita poesia, eu diria. Belo, Jorge. As cenas coreografadas se misturam às ações, às falas, falam, contam a história com movimento, o corpo falando claramente ao espectador, a comunicação é direta, por todos os lados. Tem tudo que um bom espetáculo (de arte antes de mais nada) tem que ter: é ousado na concepção, contemporâneo no tema, experimenta livremente a comunicação entre diversas áreas artísticas e é acessível a todo público. Vale a pena conferir dia 27 no teatro Joaquim Cardozo.
Mudou
A intensão dessa birosca aqui sempre foi ter um espaço pra falar. Falar sobre qualquer coisa, sentimentos. Agora pretendo falar especificamente sobre minhas esperiencias artísticas. Eu sei que não vou cumprir todo dia essas postagens, ou pode ser que eu me surpreenda e cumpra, sei lá. Mas eu quero falar sobre filmes, espetáculos, exposições, livros, música... qualquer coisa que passe pelo meu dia e esteja relacionada com o tema. Vamos lá: quem vai querer?