Naquela noite turva, nós a caminhar
Em busca de lugares escuros
E portões trancados, ficamos a vagar.
Sem rumo, sem decência, sem pudor,
Entramos no caminho estreito da emoção,
Do desejo ardente e do prazer.
Seguimos trêmulos e inseguros
Pelo caminho inexplorado de folhas secas.
Por um momento quase fomos pegos,
Olhos vermelhos a nossa espreita
Olhando suspeitos, indignados, procuravam a denuncia.
Astutos e velozes correram ao refugio,
Retardaram sabiamente o ataque fatal.
Aliviados, seguimos adiante
Em nossa aventura marginal.
De longe sentia-se um cheiro explosivo.
Não intimidado segui ao seu encontro
A fim de continuar em outros ares
O passeio com gosto de aventuras noturnas.
Neste momento, sem o menor cuidado
Risquei inocente e despreocupado meu isqueiro.
Foi o bastante para a explosão.
De repente nada mais se via.
Luzes opacas, fumaça, e muito fogo
Tomavam conta do ambiente
A força e a velocidade de um furação.
Como se tudo fosse uma só força
Que me prendia na parede, me impedia de respirar
E de pensar numa saída, numa alternativa.
Caí de joelhos, não resistia mais, não queria,
Me entreguei a toda a tormenta, aceitei meu destino.
Já entregue, decidido a morrer queimado,
De joelhos diante de ti, surge voando
Sobre a fumaça que nos rodeava
Um morcego com seu canto estridente.
Cantando e batendo suas asas sobre o fogo,
Aos poucos o apagou de vez
E podemos assim sair tranquilamente de lá.
Ao abrir a porta pude entender,
Lá estava ele, o homem dos olhos vermelhos
Saboreando irônico sua vitória,
Rindo solitário porque é assim que ele é.
Saímos de lá, caminhamos perdidos
E desorientados pelo calor e fumaça em excesso
Por algum tempo.
Este tempo, de silencio confuso e indeciso
Durou uma eternidade de vento nos ouvidos,
Mas em fim chegamos,
E na porta da tua casa ouvi de ti a sabia frase:
Isso não pode mais acontecer.
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